Prenúncio de chuva ou boas novas, a cagaiteira (Eugenia dysenterica), árvore nativa do Cerrado, é tão apreciada quanto os ipês coloridos do Distrito Federal. Ela floresce entre agosto e setembro, com delicadas flores brancas que lembram algodão.
Os frutos aparecem entre setembro e outubro, mas é necessário cuidado ao consumi-los. A cagaita deve ser ingerida com moderação, fresca ou diretamente do pé, pois a fermentação pode torná-la laxante.
“O fruto é rico em vitamina C, antioxidantes e fibras, enquanto a folha tem um efeito adstringente. Além disso, devido à sua floração, a árvore é bastante utilizada em paisagismos”, explica Matheus Fuente, assessor da diretoria de Cidades no Departamento de Parques e Jardins da Novacap.
O pequeno fruto amarelo e redondo da cagaiteira é amplamente utilizado na culinária, especialmente em geleias, sucos e picolés. Um estudo da Universidade de São Paulo, realizado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF-USP) e pela Faculdade de Medicina (FMUSP), descobriu que o suco da cagaita pode reduzir a glicemia em 64% em pessoas saudáveis e 53% em pré-diabéticos, devido à sua riqueza em polifenóis, que ajudam a controlar a digestão de carboidratos.
A cagaiteira vive em média 60 anos, é de pequeno a médio porte, com uma copa densa e troncos tortos, apresentando casca grossa e fissurada. Após a queda das flores brancas, surgem folhas de coloração achocolatada, e na frutificação, os frutos amarelos se destacam.
Para garantir seu crescimento saudável, a Novacap faz monitoramento, mas evita intervenções. “Tentamos manter as árvores o mais naturais possível. Intervenções são feitas apenas em casos de morte, para remoção, ou quando afetam residências, sempre após uma avaliação cuidadosa”, esclarece o assessor.
Para os motoboys Felipe Pereira e Wanderson Sousa, que aguardam entregas na 207 Norte, a sombra de uma cagaiteira na Super Quadra Norte é um alívio. “As árvores oferecem uma sombra agradável e são muito bonitas. Passamos quase o dia todo aqui embaixo dela enquanto aguardamos as entregas. Assim, temos um motivo a mais para preservá-las”, comenta Felipe.
Wanderson destaca a importância de manter a natureza viva e acredita que o exemplo é um forte aliado na preservação: “Ver outras pessoas plantando é sempre inspirador”.
Colheita e Plantio
Diariamente, equipes da Novacap coletam sementes em todo o DF para tratamento nos viveiros do órgão. Somente em dezembro de 2024, foram coletadas 1,3 tonelada de sementes de pequizeiros. “É um trabalho metódico, desde a coleta até o plantio na época das chuvas”, relata Fuente.
O Programa Anual de Arborização 2024/2025 está em fase final. Já foram plantadas 70 mil árvores no DF, e mais 30 mil serão concluídas com o início das chuvas. A meta para 2025/2026 é plantar 200 mil árvores simultaneamente nas 35 regiões administrativas.
Os locais para plantio são selecionados com base em mapas estratégicos, considerando áreas verdes, moradias e outras possibilidades. A população pode solicitar novos plantios, podas e a instalação de gramados e jardins através do Portal do Cidadão.
“A conscientização é mais eficaz quando é participativa. O resultado é a educação ambiental e o crescimento das nossas árvores nativas”, conclui o assessor da Novacap.
Pausa para o Clique
Para os amantes da fotografia, este é o momento ideal para capturar as flores das árvores mais queridas da população e dos turistas no DF. As ruas da capital e do entorno estão coloridas com os tons amarelados e rosados dos ipês, o lilás das Physocalymmas, o roxo dos jacarandás e o branco das cagaiteiras.
Para as melhores fotos, recomenda-se procurar pontos conhecidos ou menos conhecidos onde pelo menos uma árvore se destaca, como próximo à Universidade de Brasília (UnB), na avenida L2, ao longo do Eixão, na Esplanada dos Ministérios, onde muitas espécies logo florescerão, na 211 Norte, e em locais próximos ao Lago Paranoá e no Parque das Garças.