Uma imersão no mundo da música instrumental é a proposta do projeto Palco-Céu Para Duas Violas Orgânicas, que conta com o apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF). A iniciativa levará apresentações artísticas a oito escolas do Distrito Federal, alcançando cerca de 4,8 mil estudantes a partir dos 6 anos até o dia 28 de agosto.
O repertório original é interpretado pelo Duo Palco-Céu, formado pelos músicos Thiago Ribeiro, que toca viola da gamba, e R.C. Ballerini, que utiliza a viola caipira. Para enriquecer o espetáculo, Jun Cascaes transforma a música em gestos, enquanto a produtora Débora Zimmer incorpora elementos da natureza, como sons de pássaros, cachoeiras e ventos. “O objetivo é proporcionar mais espaço para a música instrumental no cotidiano dos estudantes, oferecendo uma experiência diferenciada”, explica Ballerini.
O Duo Palco-Céu possui 18 composições autorais e preparou quatro novas para esta edição. As músicas destacam os timbres únicos de cada viola. “São instrumentos bastante distintos que se complementam. A viola caipira tem cordas pinçadas, com um ataque rápido e agudos mais abertos, enquanto a viola da gamba produz um som mais anasalado, sendo tocada com arco e assemelhando-se visualmente ao violoncelo”, observa Ballerini.
Além das duas violas, a flauta nativa americana, tocada por Thiago Ribeiro, também faz parte do repertório. Ele destaca que as músicas, sem vocais, buscam uma conexão direta com o público, desafiando a ideia de que a música precisa sempre de letras. “Percebemos que, ao contextualizarmos a história dos instrumentos e mostrarmos a origem de cada sonoridade, os estudantes se envolvem mais. Eles começam a ouvir de forma diferente, compreendendo que a música instrumental também pode contar histórias”, explica.
As apresentações são precedidas por ensaios abertos, que demonstram o processo criativo, e cada escola recebe um guia pedagógico e vídeos didáticos sobre edições anteriores do projeto. Para garantir acessibilidade, as escolas selecionadas possuem estruturas adequadas para pessoas com deficiência, reservando locais prioritários para alunos com mobilidade reduzida, baixa visão ou transtorno do espectro autista.
Uma das apresentações contará com interpretação em Libras e dispositivos auditivos de condução óssea, permitindo que alunos com deficiência auditiva sintam a música através das vibrações transmitidas pelos ossos do crânio. Materiais em braille, com descrições da performance e dos figurinos, também serão disponibilizados.
Na última quinta-feira (21), o Centro Educacional 6 de Ceilândia recebeu a iniciativa. As alunas Heloá Alves, 16 anos, e Fernanda Braga, 17, acompanharam os ensaios e a apresentação final. “Foi uma oportunidade interessante em que aprendemos sobre cultura”, afirma Heloá. Fernanda complementa: “Foi muito legal. Hoje em dia, as músicas só têm palavrões, e gostei bastante do que eles tocaram.”
O coordenador pedagógico da unidade, Valter Silva, ressalta que o projeto oferece aprendizado além da sala de aula. “Muitas vezes, é aqui na escola que um estudante assiste a uma peça de teatro ou a uma apresentação musical pela primeira vez. Os múltiplos saberes envolvem conhecimentos científicos, vivências e acesso a repertório cultural. Projetos como este são fundamentais para proporcionarmos um repertório completo aos nossos estudantes”, comenta.
O projeto já passou pela Escola Classe (EC) 6 do Paranoá, pelo Centro de Ensino Médio (CEM) 2 do Gama e pela Escola Classe 5 do Guará. As próximas apresentações ocorrerão na Escola Bilíngue de Taguatinga (25), CED Gisno na Asa Norte (26), Centro de Ensino Fundamental (CEF) 27 de Ceilândia (27) e CED São Francisco em São Sebastião (28). Para mais informações, acesse a rede social.
