O interesse pelos espaços culturais e bibliotecas públicas do Distrito Federal aumentou em 2025. Segundo um balanço da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF), as unidades públicas de cultura e leitura receberam quase 145 mil visitantes entre janeiro e setembro, sendo 98,4 mil usuários — um crescimento de 24,57% em relação ao mesmo período do ano anterior — e 46,4 mil turistas, o que representa um aumento de 6,69% na frequência desse público.
Os empréstimos de livros também registraram um crescimento significativo, com um aumento de 32,8%, totalizando mais de 18 mil livros retirados das bibliotecas públicas em 2025. O levantamento inclui a Biblioteca Nacional de Brasília (BNB) e a rede de bibliotecas públicas sob sua coordenação, composta por 24 unidades espalhadas pelas regiões administrativas.
Para Aline Alves, gerente de atendimento da Biblioteca Nacional de Brasília, esse crescimento é resultado de um esforço conjunto para tornar os espaços mais conhecidos e dinâmicos. “O espaço está sendo mais reconhecido. Muitas pessoas veem o prédio e não acreditam que é uma biblioteca, até entrarem e descobrirem os serviços oferecidos. Além disso, a biblioteca tem promovido diversos eventos culturais. Passamos de um clube do livro para seis em um ano”, destaca.
Espaços de estudo e convivência
Com um acervo de mais de 60 mil exemplares, a BNB abrange todas as áreas do conhecimento, desde filosofia até quadrinhos. A gerente ressalta que o papel da biblioteca pública vai além do empréstimo de livros. “Vivemos em um país muito desigual. A maioria dos trabalhadores brasileiros recebe até dois salários mínimos e não tem condições de comprar livros. Nossa missão é garantir acesso à informação e à leitura para aqueles que, de outra forma, não teriam essa oportunidade.”
Luiz Fernandes, um frequentador assíduo da Biblioteca Nacional, de 41 anos, afirma que o local se tornou parte de sua rotina. “É um espaço silencioso e tranquilo. Deixo minha esposa no trabalho e meu filho na escola, e como é central, venho estudar ou resolver questões do trabalho até a hora de buscá-los. O ambiente é bem estruturado, favorece a concentração e atrai muitas pessoas”, conta.
O analista de políticas públicas Alexandre Ribeiro Rodrigues, que trabalha na biblioteca da administração de Samambaia, observa que as reformas estruturais também ajudaram a aumentar o número de visitantes.
Bibliotecas regionais
Na Biblioteca Pública de Samambaia, o movimento cresceu juntamente com os cuidados com o acervo e a melhoria do ambiente. O espaço passou a atrair mais estudantes da região e moradores em busca de leitura e cursos, integrando-se às 24 bibliotecas que compõem a rede coordenada pela BNB, das quais três estão sob administração direta da Secec-DF e as demais sob responsabilidade das administrações regionais.
Alexandre Ribeiro Rodrigues destaca que as reformas estruturais contribuíram para o aumento de visitantes. “Instalamos ar-condicionado, melhoramos a internet e algumas baias de estudo. Além disso, a divulgação nas redes sociais ajudou muitas pessoas a descobrirem que a biblioteca existe”, comenta.
Para ele, o espaço é essencial para quem busca um ambiente tranquilo para estudar. “Ao contrário do que muitos pensam, o livro físico não está ultrapassado, e muitas pessoas ainda utilizam essa ferramenta. Há alunos que dizem não conseguir estudar em casa devido à rotina familiar. Aqui, eles encontram silêncio e foco para alcançar seus objetivos”, afirma.
Entre esses alunos, está Maysa Lopes, de 22 anos, que frequenta a Biblioteca Pública de Samambaia há cerca de um ano. Ela afirma ter encontrado o local ideal para estudar para concursos públicos. “Moro na Samambaia Norte, então é bem perto. Gosto muito da infraestrutura; é silenciosa, limpa, organizada e até tem uma cozinha equipada. Isso faz a diferença. Estudo para concursos militares e aqui consigo me concentrar muito mais”, observa. Para ela, a proximidade e a gratuidade do serviço são essenciais: “Ter um espaço assim, próximo e gratuito, motiva as pessoas. Nem todos podem se deslocar até o Plano Piloto ou lugares mais distantes para acessar uma estrutura tão boa.”
Investimento em cultura
Entre os investimentos mais recentes da Secretaria de Cultura e Economia Criativa estão a ampliação do acervo e a modernização das bibliotecas. O número de empréstimos saltou de 8 mil, em 2022, para 23 mil, em 2024. Somente neste ano, foram adquiridos 120 mil novos livros, com previsão de alcançar 1 milhão.
Outras iniciativas incluem a realização de aulões gratuitos para o Enem, vestibulares e concursos, que já atenderam mais de 4 mil pessoas, além da implantação da Segunda Arena Gamer gratuita do Brasil, com 23 mil atendimentos.
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