A programação focada em inovação, ciência, tecnologia e políticas públicas na área da saúde continuou na última quarta-feira (19), durante o V Congresso de Inovação, Ensino e Pesquisa (Ciep 2025), promovido pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF). Os debates abordaram como novas tecnologias, pesquisas e ferramentas digitais podem aprimorar o atendimento e modernizar o Sistema Único de Saúde (SUS).
Durante o evento, foram discutidos temas como o uso de inteligência artificial na saúde, inovações para o diagnóstico precoce do câncer, terapias genéticas, avanços em cardiologia, além de desafios regulatórios e jurídicos.
A estudante de Nutrição Edna Albuquerque elogiou os conteúdos apresentados, destacando a conexão entre os temas e como as palestras a ajudaram a se sentir mais confiante: “Os assuntos estão sempre interligados. Essas palestras estão ampliando minha visão e me deixando mais segura,” afirmou.
Pesquisas oncológicas e inteligência artificial
A abertura do último dia do congresso foi liderada pelo oncologista Gustavo Ribas, gestor da Secretaria de Saúde (SES-DF), que compartilhou as últimas atualizações sobre pesquisas relacionadas ao câncer de pulmão. A diretora-geral do Complexo Regulador em Saúde do DF, Mônica Iassanã, também falou sobre a importância e os desafios da regulação em saúde.
Um dos principais tópicos do dia foi a utilização de inteligência artificial (IA) para melhorar os processos assistenciais. O pesquisador Nilton Correia da Silva, líder do Laboratório de Inteligência Artificial da Universidade de Brasília (UnB), afirmou que a tecnologia pode otimizar fluxos e reduzir a burocracia no ambiente hospitalar. “O tempo que um profissional perde atrás de uma mesa lidando com burocracias poderia ser dedicado aos pacientes. A IA pode ajudar a organizar o cotidiano e liberar mais tempo para que os profissionais de saúde cuidem melhor das pessoas,” destacou.
O pesquisador também enfatizou a importância da integração de sistemas, que é um dos principais potenciais da tecnologia. “A saúde frequentemente precisa interagir com diferentes sistemas. Através da tecnologia, podemos desenvolver maneiras para que essas plataformas se comuniquem, organizando e alimentando dados de forma mais eficiente,” explicou.
Embora reconheça o potencial da IA, ele acrescentou que essa tecnologia não deve substituir o trabalho humano. “Sempre haverá a necessidade de verificação humana. Não podemos depender cegamente da tecnologia,” completou.
Tecnologias que impulsionam a saúde
Na palestra “Da Inovação à Prática: A Incorporação da Robótica e de Novas Tecnologias no SUS”, o cirurgião torácico Daniel Sammartino destacou como os avanços tecnológicos melhoraram a precisão e eficiência do diagnóstico oncológico. Ele explicou que novas ferramentas facilitaram a detecção e o monitoramento do estágio do câncer no momento do diagnóstico. De acordo com o especialista, a taxa de sobrevivência de pacientes diagnosticados tardiamente com câncer de pulmão é de cerca de 20% após cinco anos — um aumento em relação aos 15% registrados anteriormente, principalmente por conta da detecção precoce viabilizada por exames mais modernos.
Outro momento relevante do Ciep 2025 foi o debate sobre terapias gênicas, que contou com a participação de Ana Karine Bittencourt, diretora-presidente do Instituto Deaf1; Ricardo Titze, coordenador do laboratório de tecnologia para terapia gênica da UnB; Raphael Bonadio, pesquisador da UnB; e a empresária Naiara Freire, que discutiram o potencial dos tratamentos baseados em genética para doenças raras e transtornos do espectro autista.
Judicialização da saúde e encerramento
A programação continuou com um debate sobre judicialização na saúde, mediado pelo diretor de Atenção à Saúde do IgesDF, Rodolfo Lira, contando com a participação da cardiologista Edna Maria, da promotora de Justiça Hiza Maria e de Túlio Cunha, da Superintendência Jurídica do IgesDF. Os participantes discutiram as implicações legais e assistenciais das decisões judiciais no dia a dia dos serviços.
Para encerrar, o doutor em Biofísica Diego Nolasco apresentou a palestra “Pense como um Cientista”, enfatizando a importância da curiosidade, pesquisa e análise crítica para desenvolver soluções inovadoras para a saúde.
Com o tema “Conectando Saberes e Tecnologias para o Futuro da Saúde”, o Congresso do IgesDF começou na segunda-feira (17) e atraiu um público recorde de mais de 1.800 inscritos, consolidando o CIEP como uma das principais referências em inovação em saúde no Distrito Federal.
Entre os apoiadores do evento estavam AstraZeneca, Noxtec, Brakko, Concimed, Alabia, B2IF e Infinity Medical, além do respaldo de instituições como Caesb, Hospcom, Instituto Deaf1 e Samu.
Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF).








