O Festival Consciência Negra 2025 está promovendo uma programação diversificada na área externa do Museu Nacional da República nesta sexta-feira (21), que é o segundo dia de evento. Organizado pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF) em parceria com o Instituto Janelas da Arte, Cidadania e Sustentabilidade, e com o apoio da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus-DF), o festival continuará até sábado, oferecendo shows, debates, gastronomia, uma feira afro e atividades para todas as idades.
Na quinta-feira (20), dia de abertura, o festival atraiu cerca de 50 mil visitantes para os dois palcos, a feira criativa, a praça de alimentação e os espaços de convivência, consolidando-se como um dos principais eventos de celebração e afirmação da identidade negra no Distrito Federal.
Com o tema “Raízes que Conectam o Futuro”, o festival reúne, ao longo de três dias, música, artes visuais, moda, gastronomia, literatura, debates formativos, infância e empreendedorismo. A entrada é gratuita mediante a retirada de ingressos pelo Sympla e a doação de 1 kg de alimento não perecível.
Primeiro dia repleto de atividades
Na quinta-feira (20), o público ocupou todos os espaços ao redor do Museu Nacional. A roda de capoeira do Mestre Cobra e as atividades do Espaço Kids atraíram muitas pessoas, assim como a área expositiva. No Espaço da Beleza, formaram-se filas para tranças e turbantes, mostrando a busca por estética e identidade negra.
Na Tenda Muntu, o painel “Mulheres Negras e a Educação que Liberta” encheu o espaço e reuniu estudantes e professores da rede pública para um debate sobre educação, raça e equidade.
À noite, os palcos reuniram um grande público. O Palco Brasilidades começou com o ritual do Afoxé Ogum Pá e seguiu com apresentações de Daniel Beira Rio, Cida Avelar, ballroom e Isa Marques. Na Arena Lydia Garcia, Laady Bi e Ju Moreno antecederam os shows de Ludmilla, que apresentou sua música inédita “Dopamina”, e Alexandre Pires, que encerrou a noite com seus sucessos.
A feira criativa e a praça gastronômica também tiveram grande movimentação durante todo o dia, reunindo empreendedores e opções de culinária de matriz africana.
Letramento racial em foco no segundo dia
Um dos destaques da programação formativa nesta sexta-feira (21) foi a oficina “Descomplicando o Letramento Racial”, ministrada por Eric Marques Albernaz, pedagogo e especialista em desenvolvimento e assistência social pela Sejus-DF.
Eric Albernaz ressaltou a importância de discutir raça de forma simples e acessível, afirmando que “as pessoas reproduzem racismo sem perceber, por falta de informação.” Ele enfatizou que entender a origem do racismo e as estruturas que o sustentam é fundamental para promover mudanças reais, e seus encontros abordam desde o básico até temas mais complexos conforme a demanda do público.
O profissional também trouxe à tona o papel do Estado e fez menção às ações da Sejus-DF em comunidades e empresas. “Não se trata de acusações, mas de acolhimento. Precisamos criar espaços de diálogo acerca da diversidade em nossa sociedade,” disse.
Eric acredita que a escolha de um local acessível, próximo à Rodoviária do Plano Piloto, fortalece o festival: “É gratificante ver um evento dessa importância ao lado da rodoviária, permitindo que todos cheguem sem depender de transporte próprio.”
Feira afro movimenta negócios
A feira afro, com empreendedores de diversas regiões do DF, teve grande movimento no primeiro dia do evento, e as expectativas para o segundo dia são ainda melhores. Laís Pereira Rodrigues, empresária da marca Preta Abusada, celebrou o sucesso: “O festival está incrível, as vendas estão ótimas.”
Ela oferece acessórios em aço cirúrgico e semijoias, atendendo a um amplo público. “Eventos assim deveriam ser mais frequentes. Precisamos de mais oportunidades e visibilidade,” destacou.
Miriam Martins, criadora da marca Negramê, que produz artigos de macramê e bonecas de orixás, também relatou boas vendas, incluindo para turistas internacionais: “Esse festival é como um décimo terceiro salário para nós. Precisamos de iniciativas permanentes ao longo do ano.”
Reflexões do público
Entre os visitantes, a psicóloga Naila Reis procurou livros infantis e produções de pessoas próximas, ressaltando o festival como um espaço de refletir sobre a identidade. “Eventos assim ajudam as pessoas a se reconhecerem e pertencerem,” comentou.
Ela acredita que o 20 de novembro deve ser visto como um momento de reparação histórica, não apenas de celebração: “Precisamos encarar essa data como um dia realmente de consciência negra e reparação.”
Programação musical e demais atividades
A programação musical desta sexta-feira acontece na Arena Dona Lydia, com shows de Israel Paixão, Os Pacificadores, Uel, Timbalada e Mumuzinho. A praça gastronômica “Sabores do Quilombo” funcionará das 12h às 22h, e o público poderá participar de oficinas no Espaço Kids, visitar a exposição Retratos e aproveitar a feira afro durante todo o dia.
Programação de sexta-feira (21):
Exposição
- 12h–22h — Exposição Retratos
Espaço Kids
- 14h–15h — Oficina Tambores de papel
- 15h–16h — Oficina de dança afro
Gastronomia
- 12h–22h — Sabores do Quilombo
Feira Afro
- 14h–22h — Feira Kitanda e convidados
Tenda Muntu
- 14h30 — Descomplicando o Letramento Racial: O básico sobre raça que toda pessoa precisa saber – Palestrante: Eric Marques
- 16h – Painel Estética Negra; Para Além do Look — Palestrantes: Victor Hugo Soulivier, juiz Fábio Esteves, Ruth Venceremos, Patrick Jhonnes, Marcus Oliveira e Arte Preta / Moderador: Wemmia Anita
Shows (Arena Dona Lydia)
- 18h – Israel Paixão
- 19h10 – Os Pacificadores
- 20h30 – Uel
- 22h30 – Timbalada
- 00h30 – Mumuzinho
Encerramento no sábado com cortejo e shows
No sábado (22), o festival finalizará suas atividades com um cortejo do Grupo Cultural Obará, atividades para crianças, novos debates na Tenda Muntu e shows de Carol Nogueira, Dhi Ribeiro, Benzadeus, Carlinhos Brown, Psirico e Thiago Kallazans.
Serviço
Festival Consciência Negra 2025
Museu Nacional da República
Até sábado (22)
Entrada gratuita, com retirada de ingressos pela plataforma Sympla
Doação sugerida: 1 kg de alimento não perecível.








