Dois asteroides vão passar próximo à Terra esta semana – um deles, muito próximo

Não há riscos de impacto com o planeta. Porém, a demora para identificar a passagem de um dos asteroides reforça necessidade maior preparo para lidar com ameaças do tipo
Dois asteroides vão passar próximo à Terra nesta semana, segundo a ESA (Agência Espacial Europeia). Embora não apresentem riscos de colisão, a descoberta tardia de um deles reforça a urgência em se melhorar os sistemas de detecção dos objetos próximos ao nosso planeta (NEOs, na sigla em inglês). Ganham esse nome objetos espaciais cujas rotas chegam a 45 milhões de quilômetros de distância da órbita terrestre.
O asteroide nomeado “(415029) 2011 UL21” será o primeiro a passar próximo à Terra, e foi o primeiro também a ser identificado, há mais de dez anos, em 17 de outubro de 2011. Ele deverá ficar mais próximo ao nosso planeta na próxima quinta-feira (27). Com diâmetro de 2.310 metros, o corpo celeste é maior do que 99% de todos os NEOs conhecidos. Ele ficará a uma distância de 6,6 milhões de quilômetros da superfície da Terra.
Segundo a Agência Espacial Europeia (ESA), a órbita deste asteroide em torno do Sol é fortemente inclinada, o que é incomum para um objeto tão grande. A maioria dos corpos do sistema solar, incluindo os planetas, orbitam em plano equatorial em relação ao Sol.
Tal inclinação pode ser resultado de interações gravitacionais com um grande planeta. Júpiter, por exemplo, é conhecido por ter, historicamente, desviado com sua órbita asteroides que, outrora, vinham em direção à Terra.
Em nota à imprensa, especialistas da ESA indicam que (415029) 2011 UL21 está em “ressonância 11:34” com a Terra. Isso significa que o asteroide completa 11 voltas em torno do Sol quase no mesmo período em que o nosso planeta completa 34 voltas. Ou seja, a cada 34 anos, este mesmo corpo estará alinhado com a Terra e poderá ser visto no espaço.
O segundo asteroide a passar próximo do planeta esta semana recebeu o nome “2024 MK”, e será visível neste domingo (29). Sua descoberta foi feita há cerca de uma semana, no dia 16 de junho.
Calcula-se que o 2024 MK possua tamanho entre 120 e 260m. Em sua trajetória, o asteroide deve ficar a uma distância de 290 mil quilômetros da superfície terrestre — pouco, se considerarmos a escala astronômica. Isso equivale a cerca de 75% da distância existente entre a Terra e a Lua. Por isso, o objeto espacial poderá ser observado com a ajuda de um pequeno telescópio.
Apesar da proximidade, a ESA reitera que o asteroide não traz riscos de impacto no planeta. No entanto, um corpo celeste deste tamanho causaria danos consideráveis se o fizesse, principalmente se caísse próximo de centros urbanos ou outras regiões muito populosas.
Monitoração dos NEOs
Como vimos acima, são considerados asteroides próximos à Terra corpos celestes que se aproximam da órbita do planeta a uma distância de até 45 milhões de quilômetros — ou então, 195 milhões de quilômetros da órbita do Sol. Por isso, tanto (415029) 2011 UL21, a 6,6 milhões de quilômetros, quanto 2024 MK, a 290 mil quilômetros, podem ser classificados como NEOs.
Nos últimos 20 anos, a ESA tem investido na detecção e análise de NEOs potencialmente perigosos. A agência estima que existam cerca de 5 milhões de corpos celestes com dimensões superiores a 20m (o limite acima do qual um impacto pode causar danos no solo) orbitando o sistema solar.
Em nota, o Gabinete de Defesa Planetária da ESA afirma que está fazendo uma série de projetos dedicados a melhorar a capacidade de detectar, rastrear e – caso necessário – combater a ameaça de asteroides potencialmente perigosos. “Com lançamento ainda este ano, a missão Hera faz parte do primeiro teste mundial de deflexão de asteroides”, destaca a agência.
A missão Hera fará um levantamento detalhado pós-impacto do asteroide Dimorphos à missão DART da Nasa, em setembro de 2022, e ajudará a transformar o experimento em uma técnica de defesa planetária viável. Da mesma forma, em terra, a ESA está desenvolvendo uma rede de telescópios Flyeye que utilizará o seu amplo campo de visão para varrer automaticamente o céu todas as noites em busca de novos NEOs.
Além disso, o NEOMIR é outra ferramenta citada pela agência como nova tecnologia a ser implementada no combate às ameaças espaciais. Previsto para orbitar uma região do espaço entre a Terra e o Sol, o satélite usará luz infravermelha para detectar asteroides que se aproximem do planeta vindos de regiões do espaço que não podem ser vistas do solo.
A preocupação parece vir no momento certo. O último exercício bienal de defesa planetária conduzido pela Nasa demonstrou que, frente a ameaças espaciais que estejam em rota de colisão com a Terra, a capacidade de resposta humana ainda não é suficiente para evitar uma tragédia.
O próximo objeto a ficar ainda mais próximo à Terra que o 2024 MK vai passar a 38 mil km de distância em 2029. Bom, pelo menos, o primeiro que os astrônomos conseguiram detectar até agora. Você pode conferir uma lista dos principais NEOs conhecidos neste link.