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Boto cor-de-rosa: o que é verdade e o que é lenda sobre o animal amazônico

A lenda do boto-cor-de-rosa é uma das histórias mais famosas do folclore brasileiro. Segundo o mito, o boto sai à noite dos rios da Amazônia e se transforma em um homem bonito e galanteador. Ele usa roupas brancas e um chapéu para esconder os vestígios de sua transformação – o buraco das narinas, tradicional da espécie, ainda está em sua cabeça.

O boto frequenta festas das populações que moram ao redor dos rios e, com um charme atraente e um papo conquistador, acaba atraindo a atenção de muitas mulheres. Seduzidas pela figura charmosa, essas mulheres se deixam levar pelo papinho do boto disfarçado – que sempre vai atrás da moça mais bonita da festa. O boto engravida a mulher e vai embora sem mais nem menos, para nunca mais ser visto.

lenda, um pedaço do folclore tradicional da região amazônica que se espalhou para o resto do país, obviamente, não é verdade — ainda que muitos antigos possam dizer o contrário. A história é uma forma de “explicar” casos de crianças que crescem sem saber quem são seus pais e mulheres que acabam largadas depois de engravidarem.

A história já fez parte de tramas famosas da TV. Na novela “A Força do Querer” (2017), por exemplo, a personagem Rita é filha de Edinalva com o Boto – até na certidão de nascimento dela tem o nome da mãe e do boto, o que também acontece na vida real.

Por que o boto é cor-de-rosa?

Boto-cor-de-rosa é o nome popular de três espécies de golfinhos fluviais amazônicos pertencentes ao gênero Inia. O boto é considerado a maior espécie de golfinho de água doce do mundo, com os machos que chegam a medir 2,55 metros de comprimento e pesar 185 quilos. Ele também se destaca por ter nadadeiras peitorais avantajadas, que permitem manobras rápidas e movimentos para trás dentro d’água.

A característica mais marcante do boto é, sem dúvida, sua cor rosada – até faz parte do seu nome. Mas o boto não nasce rosa. Os botinhos nascem cinzas, da mesma cor que os golfinhos. Por motivos ainda desconhecidos, esses animais vão perdendo a cor de chumbo e ficando mais esbranquiçados conforme envelhecem.

Os botos são cor-de-rosa por conta de cicatrizes e arranhões. Botos machos costumam brigar entre si, quando a pele machucada cicatriza depois da porradaria, ela fica mais rosada que o resto do corpo. Quanto mais velho um boto, em mais brigas ele se meteu, e mais forte e o seu tom de rosa. Por esse motivo que o rosa é mais proeminente nos machos, enquanto fêmeas e botos mais novos são mais perto do cinza.

Conservação da espécie

Os botos cor-de-rosa são residentes conhecidos dos rios amazônicos. Eles se dividem em pelo menos três populações, em três locais diferentes: a bacia Amazônica, o alto do rio Madeira e a bacia do rio Orinoco. Esses animais não são exclusivos do Brasil e se espalham por outras águas da Amazônia Internacional, como a Bolívia, a Venezuela, a Colômbia, o Equador e o Peru.

Como predadores de topo de cadeia, eles desempenham um importante papel de controle de espécies de peixes. Como presas de outros animais, como onças e jacarés, ajudam na manutenção da estabilidade do ecossistema. Além disso, o nado dos botos também ajuda na dispersão de sementes de plantas aquáticas, o que é vital para a reprodução e polinização dessas espécies.

Além de terem uma importância cultural e até econômica na região da Amazônia, por serem atração turística nos rios, os botos também servem como indicadores ambientais, auxiliando a avaliar a saúde dos ecossistemas. Se eles estão presentes num rio, significa que a qualidade da água e a disponibilidade de alimentos daquele habitat é boa. De acordo com o Ministério de Pesca e Agricultura, “monitorar a população desses cetáceos pode fornecer valiosas informações sobre a saúde geral do bioma amazônico”.

Infelizmente, a população de botos cor-de-rosa está diminuindo. De acordo com um estudo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), a população de botos caiu pela metade nos últimos 10 anos.

A principal razão dessa queda populacional é a pesca predatória – mas a carne do boto não é usada para alimentar pessoas. Ao invés disso, pescadores usam a carne do boto como isca para uma outra espécie de peixe, a piracatinga.

Para tentar diminuir a caça de botos, o governo proibiu a pesca extensiva de piracatinga. Apenas dois casos são permitidos por lei: para fins de pesquisa ou para a chamada pesca de subsistência, em que o pescador é autorizado a levar até 5 kg do pescado.

Quanto mais piracatinga for pescada, mais botos terão que ser abatidos para servirem de isca. A medida do governo é uma tentativa de acabar com a necessidade de caça desse animal.

Porém, além desse problema, os botos sofrem com a poluição química nos rios amazônicos, atropelamentos por barcos, encalhes com a seca dos rios, capturas acidentais por redes de pesca, afogamentos e sufocamentos causados por lixo e a construção de barragens, já que a espécie transita por grandes territórios.

Segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o boto cor-de-rosa já é uma espécie ameaçada. É preciso preservar esses animais singulares dos seus amazônicos para impedir que eles se tornem apenas lenda.


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