A Sala Martins Pena, no Teatro Nacional Cláudio Santoro, celebrou o Prêmio Candango de Literatura na última sexta-feira (31), uma data significativa que marca o aniversário do poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). A 2ª edição do evento, organizada pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF) em parceria com o Instituto Cultural Casa de Autores (ICA), anunciou os vencedores em sete categorias, destacando o talento e a diversidade da língua portuguesa: Melhor Romance, Melhor Livro de Contos, Melhor Livro de Poesia, Prêmio Brasília, Melhor Capa, Melhor Projeto Gráfico e Projeto de Incentivo à Leitura. Um total de R$ 195 mil em prêmios foi distribuído.
Claudio Abrantes, titular da Secec-DF, enfatizou o alcance desta edição, que recebeu quase três mil obras inscritas de autores do Brasil e de 17 outros países, evidenciando a diversidade e a riqueza criativa da língua portuguesa. “Fernando Pessoa dizia que a literatura, como toda a arte, é a confissão de que a vida não é suficiente. Queremos histórias, queremos sonhos e a possibilidade da eternidade que as palavras nos oferecem”, afirmou o secretário, sublinhando o papel de Brasília como um centro cultural. “É uma alegria ver esta sala novamente vibrando com o talento de nossos escritores e escritoras. O Candango é mais do que um prêmio; é uma afirmação da nossa língua, da nossa identidade e da força criativa que une povos e gerações”, completou. Ele também anunciou que a 3ª edição do Prêmio Candango de Literatura está confirmada para o primeiro semestre de 2026, após quase três anos entre a 1ª e a 2ª edições.
Premiação
Na categoria Literária, a escritora carioca Giovanna Ramundo foi premiada como Melhor Romance por Sorriso sorvete de cereja (Editora Cambucá). “Entrar para a história do Prêmio Candango é mais do que uma alegria, é uma grande honra”, celebrou a autora. O baiano Luís Pimentel recebeu o prêmio de Melhor Livro de Contos com A viagem e outros contos (Editora Patuá). “A literatura se constrói a partir do que se vê, do que se ouve e, principalmente, do que se lembra”, destacou o escritor. O português Ricardo Gil Soeiro venceu na categoria Melhor Livro de Poesia com Lições da miragem (Assírio & Alvim). “Este prêmio é a prova de que a poesia pode atravessar oceanos”, afirmou Daniel Stanchi, que recebeu o prêmio em nome do amigo. No Prêmio Brasília, destinado a autores do Distrito Federal, a brasiliense Juliana Monteiro foi premiada com o romance Nada lá fora e aqui dentro (Editora Patuá). “Receber o Candango pelo meu primeiro romance é algo que nunca vou esquecer”, enfatizou.
Na categoria Editorial, a obra Cavalos no escuro, de Rafael Gallo (Editora Record), rendeu ao designer carioca Leonardo Iaccarino o prêmio de Melhor Capa. “Receber esse prêmio em Brasília, a capital política do Brasil, tem um significado especial. Viva os livros, viva a cultura!”, afirmou o designer. O goiano Jeferson Barbosa conquistou o prêmio de Melhor Projeto Gráfico com Verso horizonte (Editora Mondru). “É uma grande alegria receber este prêmio através da obra de Axé Silva e Fábio Teixeira”, destacou. Na categoria Pedagógica, o Sarau da Dalva e Estreloteca, idealizado por Sabrina Sanfelice, de São Paulo, foi premiado como Projeto de Incentivo à Leitura. “Esse prêmio não é só meu, é de todas as pessoas que se unem para manter a leitura viva nas comunidades”, disse.
O evento reuniu escritores, editores, artistas, gestores, representantes da cena literária e autoridades, afirmando Brasília como um centro vibrante de cultura, arte e criatividade. Estiveram na mesa de abertura o secretário de cultura, o embaixador de Portugal, Luís Faro Ramos; a presidente do Instituto Casa de Autores, Iris Borges; o subsecretário de Patrimônio Cultural, Felipe Ramón; o coordenador do prêmio, Maurício Melo Júnior; e o curador da edição, João Anzanello Carrascoza.
Falas como a do escritor e jornalista Maurício Melo Junior, coordenador da premiação e membro do ICA, destacaram o espírito coletivo que permeou o evento e a vitalidade da língua portuguesa. “Duas coisas se destacam no Prêmio Candango de Literatura: a união das pessoas que o realizam e a intensidade da nossa língua, essa língua que Olavo Bilac chamou de ‘inculta e bela’ e que hoje reconhecemos como profundamente bela e culta”.
Arte, Emoção e Descontração
A animação começou logo no foyer, com uma feira de livros de autores, livreiros e editoras, além de muitas fotografias em um cenário temático. A descontração continuou ao longo da noite, sob a condução da dupla de mestres de cerimônia, Adriana Nunes e Adriano Siri. Entre discursos e premiações, houve espaço para homenagear dois grandes nomes da literatura brasileira.
Em homenagem ao legado de Drummond, o público assistiu à declamação do poema No meio do caminho tinha uma pedra, momento em que Adriana Nunes e Juliana Zancanaro compartilharam estrofes inspiradoras, acompanhadas pelo violão de Vitor Batista. Para relembrar a ironia e o humor de Luiz Fernando Veríssimo, as atrizes encenaram um diálogo entre as personagens Gisela e Martô, do texto Cuecas, provocando risadas no público.
Para encerrar, o cantor, compositor e violonista Toquinho não apenas apresentou suas músicas, mas também compartilhou histórias de sua trajetória ao lado de muitos poetas. “Convivi, amigavelmente, com Fernando Sabino, Rubem Braga, o próprio Drummond, além de Vinicius de Morais, com quem tive uma parceria de 10 anos. Imagine o quanto fui privilegiado por absorver o aprendizado desse homem, com sua enorme gentileza e profunda cultura, mas nunca ostentada. Ele encontrava Ismael Silva, que dizia ‘nós vai’, e Vinicius repetia ‘nós vai’ também. Ele não impunha seu conhecimento, mesmo tendo estudado poetas nas línguas originais. Era simples, direto e afetuoso, um homem de uma alma delicada”, compartilhou o artista.
Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec-DF).








