O infectologista americano John Boyce enfatizou, durante uma palestra nesta terça-feira (18), a importância de continuar investindo em protocolos de desinfecção e desenvolver novas tecnologias para melhorar o combate a microrganismos. Ele foi um dos palestrantes do V Congresso de Inovação, Ensino e Pesquisa (Ciep 2025), promovido pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF).
Segundo Boyce, os atuais protocolos de desinfecção hospitalar podem e devem ser aprimorados. Ele observa que, em muitos locais, a equipe de limpeza realiza a higienização apenas uma vez por dia, mas os ambientes podem conter bactérias resistentes e fungos ou ser frequentemente reinfectados. Ademais, a falta de higienização regular das mãos por parte dos profissionais de saúde contribui para a disseminação de bactérias.
“Precisamos assegurar que os profissionais de limpeza estejam bem informados sobre os protocolos, para que saibam quais produtos usar em cada superfície, a frequência de limpeza necessária em cada ambiente e a quantidade correta de produto a ser utilizada,” esclarece.
Para um cenário mais eficiente, o especialista sugere que os hospitais aumentem o investimento em controle de infecções, incluindo pesquisas para melhorar os processos. “No futuro, até a inteligência artificial pode nos ajudar a monitorar a higiene das mãos. E, com a limpeza regular, pode até detectar precocemente um surto de infecção, contribuindo para uma resposta mais ágil,” acrescenta.
Boyce também destaca que existe a necessidade de a indústria colaborar no desenvolvimento de produtos de limpeza mais eficazes, uma vez que ainda não há desinfetante capaz de eliminar todas as bactérias. Para ele, essas melhorias devem ser integradas às medidas preventivas já em uso, como o uso de máscaras e luvas, além de isolar pacientes com organismos resistentes para evitar a disseminação.
Apesar dos desafios, Boyce se mantém otimista em relação à criação de ambientes hospitalares mais seguros ao redor do mundo. “Não será fácil e não acontecerá da noite para o dia, mas creio que, com o tempo, conseguiremos implementar melhorias,” afirma.
Ciep 2025
O Congresso se estende até quarta-feira (19) e as palestras da manhã de terça abordaram temas relacionados à infectologia e gestão hospitalar. Outros tópicos discutidos incluem protocolos de trauma, novas técnicas em cardiologia e avanços em oncologia, entre outros.
“Eventos como este, que reúnem profissionais de saúde para aprender sobre novas tecnologias e os obstáculos dos processos atuais, são extremamente promissores,” elogia Boyce.
O tema “Conectando Saberes e Tecnologias para o Futuro da Saúde” tem reunido autoridades, especialistas, gestores, profissionais de saúde e estudantes para discutir soluções que promovam a modernização do SUS.
Com uma programação voltada para ciência, tecnologia e políticas públicas em saúde, a edição deste ano alcançou seu maior público, com mais de 1.800 inscritos, superando o número do ano anterior.
Com informações do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (IgesDF).








