A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) lançou, nesta quarta-feira (1/10), em Montes Claros, no Norte do estado, a operação Engodo, voltada contra uma organização criminosa suspeita de aplicar golpes na venda de piscinas. Durante a ação, foram realizadas seis prisões preventivas e cumpridos oito mandados de busca e apreensão em uma empresa e em residências ligadas aos alvos.
Nos locais, os policiais apreenderam dois veículos de luxo, cartões bancários, cheques e equipamentos eletrônicos. Além disso, foram recolhidos dois revólveres, uma pistola e munições, resultando na autuação em flagrante de um dos investigados por posse irregular de arma de fogo. A Justiça também autorizou o sequestro de um imóvel avaliado em R$ 2,8 milhões no bairro Ibituruna e a indisponibilidade de ativos financeiros.
Investigações
A operação é fruto de investigações realizadas pela equipe de crimes contra o patrimônio da Delegacia Regional de Polícia Civil em Januária. As apurações começaram há cerca de sete meses, após o registro de vários boletins de ocorrência sobre golpes na venda de piscinas e acessórios em diversas cidades da região.
Conforme as investigações, os suspeitos utilizavam contratos falsos em nome de uma empresa já encerrada, enganando as vítimas e desviando os valores para pessoas físicas e jurídicas ligadas ao grupo.
“A investigação indica que os suspeitos formavam uma rede criminosa estruturada, especializada em estelionato e lavagem de dinheiro, com ramificações em outras cidades do Norte de Minas”, afirmou o delegado regional em Januária, Luiz Bernardo Rodrigues de Moraes Neto.
Estrutura criminosa
Segundo o delegado responsável pelo caso, Farley Guedes Oliveira, as investigações revelaram que a organização criminosa era dividida em dois núcleos: um focado na captação de valores ilícitos e outro na lavagem de dinheiro, integrando esses valores à economia formal.
A partir de um trabalho investigativo detalhado, foi possível identificar que o primeiro núcleo, liderado por dois irmãos de Montes Claros, de 37 e 35 anos, era responsável pela atração das vítimas, recebendo pagamentos via Pix e cartão de crédito em nome de terceiros, incluindo um ex-funcionário de 26 anos e uma empresa associada a uma mulher de 42 anos e sua filha de 26.
O segundo núcleo se dedicava à lavagem de dinheiro, por meio da compra e venda de veículos de luxo e imóveis. Um dos investigados, de 51 anos, utilizava contas bancárias em nome do pai, de 83 anos, para movimentar valores milionários.
Movimentação financeira
De acordo com as investigações, o grupo movimentou cerca de R$ 30,1 milhões entre janeiro de 2023 e janeiro de 2025. As transações suspeitas foram comunicadas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), reforçando as evidências contra os investigados.
O delegado Diego Flávio Carvalho, do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD) da PCMG, destacou a importância do trabalho investigativo técnico. “As ferramentas de rastreamento financeiro foram essenciais para identificar a movimentação dos valores ilícitos. O mapeamento do fluxo do dinheiro permite não apenas responsabilizar os envolvidos, mas também facilitar medidas de ressarcimento às vítimas”, enfatizou.
Equipe
A operação contou com cerca de 40 policiais civis de Januária e Montes Claros, utilizando 12 viaturas, além do apoio do LAB-LD e do Ministério Público. As medidas cautelares foram aprovadas pelo Judiciário da comarca de Januária.
Após a conclusão das atividades policiais, os investigados foram encaminhados ao sistema prisional e permanecem à disposição da Justiça.