Recentemente, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) lançou uma licitação para contratar uma empresa especializada em manutenções preventivas e corretivas de parquinhos infantis, pontos de encontros comunitários (PECs) e complexos multiexercitadores em todas as regiões administrativas do Distrito Federal. O valor estimado para essa contratação é de R$ 79 milhões, ao longo de cinco anos. Simultaneamente, a companhia também está promovendo a reciclagem de equipamentos danificados.
Entre parafusos, tintas e estruturas enferrujadas, surge um novo colorido que vai além da simples pintura. Na Novacap, um galpão aparentemente comum abriga um projeto que combina trabalho social, reaproveitamento de materiais e transformação de vidas. No centro dessa iniciativa está Célio Gomes Pereira, 63 anos, funcionário responsável pela manutenção há 28 anos, encarregado da recuperação de equipamentos antes considerados inutilizáveis.
Ao lado de Célio não estão apenas operários, mas homens em busca de novas oportunidades. Sua equipe é composta por reeducandos do sistema prisional que, sob sua orientação, aprendem, colaboram e constroem. “Cada parafuso apertado e cada balanço restaurado traz a esperança de alguém que deseja recomeçar”, resume Célio.
Sustentabilidade
Os equipamentos chegam danificados, muitas vezes considerados perdidos, mas com criatividade, paciência e peças reaproveitadas de outros parquinhos, são revitalizados e devolvidos à população, especialmente às crianças das áreas mais carentes do Distrito Federal. A economia gerada pela reutilização dos materiais também é significativa, reforçando o compromisso da Novacap com a sustentabilidade e a eficiência no uso de recursos públicos.
“Em vez de simplesmente descartar um equipamento danificado e adquirir um novo, esse trabalho gera uma economia de 30% a 50% em cada estrutura recuperada; em muitos casos, essa economia pode ser ainda maior”, explica Ramon Castro, chefe do departamento. “É um modelo que combina responsabilidade social, reaproveitamento de recursos e cuidado com o dinheiro público.”
Célio Pereira, responsável pela recuperação dos equipamentos, destaca: “É maravilhoso ver um brinquedo que parecia condenado voltar a fazer parte da infância de uma criança.”
Além do aspecto social, os equipamentos da Novacap atendem a critérios técnicos de segurança e acessibilidade. A maioria dos parquinhos é composta por peças metálicas com pintura eletrostática, que garantem maior resistência às intempéries e ao uso constante. Cada estrutura é projetada para suportar até 120 kg por usuário, permitindo o uso por crianças, adolescentes, adultos e até idosos, especialmente nos equipamentos de alongamento e ginástica dos PECs. Os brinquedos passam por um rigoroso processo de recuperação: peças enferrujadas são trocadas, os parafusos são reforçados, e todas as partes recebem nova pintura, respeitando as normas técnicas exigidas.
Inclusão e Cidadania
“É incrível ver um brinquedo que parecia condenado voltar a fazer parte da infância de uma criança, mas ainda mais bonito é testemunhar um homem que achava ter perdido o caminho descobrir que pode construir algo bom com suas próprias mãos”, afirma Célio.
A preservação desses equipamentos, porém, depende da participação ativa da comunidade. É essencial que a população reconheça o valor desses espaços e contribua para sua conservação. Em casos de vandalismo ou depredação, qualquer cidadão pode denunciar à administração regional, à ouvidoria do GDF ou diretamente à polícia. Cuidar dos parquinhos é cuidar das crianças e do futuro coletivo, um ato de cidadania.
O projeto não só recupera equipamentos, mas também histórias. É um exemplo de que, quando o governo se une à sensibilidade humana, é possível semear mudanças, mesmo entre vergalhões, latas de tinta e balanços quebrados. “Esse é um claro sinal de que a Novacap vai além da infraestrutura”, afirma o presidente da companhia, Fernando Leite. “Nós promovemos inclusão, sustentabilidade e cidadania. É gratificante ver que um parquinho recuperado pode transformar a realidade de uma comunidade inteira.”
Com informações da Novacap