O embarque que antes parecia distante, um sonho restrito à televisão, tornou-se realidade nesta quinta-feira (4). No saguão do Aeroporto Internacional de Brasília, com malas prontas, olhares ansiosos e abraços calorosos, parte dos 102 estudantes da rede pública partiu rumo ao Reino Unido para um intercâmbio pelo programa Pontes para o Mundo, financiado pelo Governo do Distrito Federal (GDF).
“É gratificante não apenas ver a realização de cada aluno, mas também perceber o impacto que isso traz para as famílias. É uma oportunidade para os pais reconhecerem que seus filhos estão crescendo e se preparando para conquistar o mundo,” afirmou Mayara Noronha Rocha, primeira-dama do DF.
Acompanhados por Mayara, 27 jovens embarcaram em um voo da Air France/KLM às 14h20 com destino a Londres. Antes do embarque, os estudantes se reuniram na sala VIP do Banco de Brasília (BRB), onde receberam orientações das equipes da Secretaria de Educação (SEEDF) e se despediram de familiares e amigos.
Criadora da iniciativa, a primeira-dama vê a viagem como um meio de inclusão social. “Para quase todos esses jovens, essa é a primeira vez que vão viajar para o exterior,” lembrou.
“Entrei no aeroporto sonhando com tudo isso, pois já tive esse sonho um dia,” comentou Mayara. “Eu também venho de escola pública e me formei no CIL [Centro Interescolar de Línguas]. É gratificante ver a realização de cada aluno e o retorno que isso traz para as famílias. Os pais podem perceber que seus filhos estão prontos para conquistar o mundo.”
A secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, que esteve ativamente envolvida em todas as etapas do programa, também acompanhou o embarque. “Hoje está saindo o último grupo; ontem embarcaram 33 estudantes e hoje são 69, totalizando 102 contemplados,” informou. “Além disso, dez profissionais da secretaria irão acompanhá-los nos primeiros dias, ajudando na adaptação e visitando as famílias e escolas onde terão aulas. Os alunos também farão uma hora de estudo por dia na plataforma do PAS [Programa de Avaliação Seriada] para não perderem o conteúdo da prova que farão ao retornar.”
Portas abertas para o mundo
Nicole Gomes, aluna do CEM 2 de Ceilândia, expressou sua empolgação: “É a primeira vez que estou aqui, e fui recebida nesta sala incrível. Estou sentindo que todo o meu esforço valeu a pena. Espero voltar uma pessoa diferente do intercâmbio e conseguir inspirar minha família e amigos a estudarem mais.”
Para Cauã Diniz, de 16 anos, do Centro Educacional Stella dos Cherubins Guimarães Trois, em Planaltina, a viagem representa a realização de um sonho antigo. “Estou achando tudo incrível. Nunca imaginei que conseguiria passar, e agora estou aqui, fruto de todo o meu esforço ao longo dos anos. Sempre quis explorar novos lugares, e minha mãe diz que eu já tinha esse desejo desde pequeno. Estou muito animado.”
Colaboração
“O programa oferece a oportunidade de conexão com jovens do mundo inteiro, promovendo uma troca de experiências que ajudará muito no crescimento deles,” destacou Hélvia Paranaguá.
O Pontes para o Mundo é resultado de uma parceria entre o GDF, a Secretaria de Educação e instituições internacionais, selecionando estudantes da rede pública para experiências de imersão cultural e linguística, ampliando suas oportunidades acadêmicas e profissionais.
Hélvia enfatizou que o programa prepara os jovens para os desafios. “Eles sairão de casa e viverão a cultura, a escola e o mundo de uma forma diferente,” comentou. A expectativa é que o programa disponibilize 400 vagas no próximo ano e expanda para outros países, como Japão, Alemanha e Espanha. O GDF está trabalhando em um projeto de lei para tornar a iniciativa um programa permanente.
“O projeto de lei está quase pronto e será enviado para a CLDF em breve. A intenção é que o programa deixe de ser uma política de governo e se torne uma política de Estado, garantindo sua continuidade independentemente de futuras administrações.”
Centro Interescolar de Línguas
Aprender um novo idioma vai além de memorizar palavras; é uma porta para culturas e oportunidades. Há 50 anos, o CIL desempenha esse papel no Distrito Federal. Com 17 unidades em 14 regionais de ensino, a rede é uma política pública consolidada que já formou milhares de estudantes em inglês, espanhol, francês, japonês e alemão — este último oferecido exclusivamente no CIL 1 de Brasília.
Entre 2019 e este ano, mais de 350 mil estudantes passaram pelas salas dos CILs, conforme o Censo Escolar. Durante esse período, o GDF investiu R$ 1,37 milhão em manutenção predial para garantir a qualidade dos espaços. Atualmente, 829 professores fazem parte do corpo docente, cuja missão vai além do ensino gramatical, promovendo uma formação integral voltada à comunicação, expressão e inclusão.