Há tempos a Fórum tem mostrado as articulações estratégicas no meio evangélico para eleger candidatos alinhados com pastores em grandes cidades e capitais do país. As campanhas já reconhecem a importância desse eleitorado e têm buscado aproximação com as igrejas. No Rio de Janeiro, por exemplo, o prefeito Eduardo Paes (PSD) compareceu a eventos em igrejas no Centro e em Madureira. Em São Paulo, o atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), que é católico, participou da inauguração de um novo templo da Assembleia de Deus na Zona Leste.
O cientista político Antonio Lavareda, presidente do conselho científico do Ipespe, afirmou que o voto religioso sempre foi presente, mas acredita que, apesar do crescimento desse eleitorado, a religião não será o fator decisivo nas eleições. Ele ressalta que os evangélicos tendem a agir de forma mais coesa, influenciados pelos líderes religiosos.
A pesquisa foi encomendada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e realizada entre os dias 4 e 10 de julho, com 3 mil eleitores entrevistados por telefone. A margem de erro do levantamento é de 1,8 ponto percentual.
Campanha contra o “voto de cajado”
Todos os anos eleitorais, grupos evangélicos, principalmente do campo progressista se unem em campanha contra o chamado “voto de cajado”, que seria uma versão evangélica do famoso “voto de cabresto”. Um dos movimentos mais atuantes na luta contra este tipo de voto é a Rede Fale, que se define como “uma rede de pessoas que oram e agem publicamente contra a injustiça em nosso país e no mundo”.
Na avaliação da Rede Fale, um dos perigos para o cristão que deseja atuar politicamente é achar que, por ser “crente”, está abençoado para a política. “Essa é a concepção que leva milhões de brasileiros a votar no ‘pastor’ ou no ‘irmão’ abençoado pelo pastor. Como consequência, muitos parlamentares são eleitos sem compromisso com a justiça ou a democracia, e sem coerência partidária, programática ou ideológica, e se tornam ‘despachantes de igrejas’ – gente que vota sempre para a expansão do poder de suas igrejas, associações, rádios e empresas”, o que caracterizaria o voto de cajado.