A exposição “Marias”, da jornalista e fotógrafa Ísis Dantas, está em seus últimos dias de visitação no Foyer do Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal. A mostra apresenta imagens de dez mulheres que conseguiram romper o ciclo da violência doméstica, transformando suas experiências de dor em narrativas de resistência e reconstrução. A exposição também marcou o lançamento do livro homônimo, que retrata essas histórias por meio de fotografias e depoimentos, revelando trajetórias que vão desde o cárcere privado até tentativas de feminicídio.
Desde 2019, Ísis Dantas tem registrado essas vivências através do projeto Marias da Penha, que já atendeu dezenas de mulheres. Um dos testemunhos é de Rosa Melo, residente do Areal, na região administrativa de Águas Claras, que sobreviveu a todos os tipos de violência e conseguiu quebrar o ciclo após quase ser queimada em casa com seus filhos. Atualmente, Rosa é acolhida pelo Instituto Umanizzare, fundado por Grace Justa, delegada da Polícia Civil do DF.
O livro também contém um posfácio da autora, que se baseia nos dados mais recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Segundo o Anuário 2025, foram registrados 1.492 feminicídios em 2024 no Brasil, o que representa uma média de quatro mulheres assassinadas por dia, em sua maioria negras, jovens e mortas dentro de casa. Além disso, quase 20% das medidas protetivas foram desrespeitadas, evidenciando a fragilidade da rede de proteção.
Ísis Dantas, que também superou um relacionamento abusivo, enfatiza a importância da arte em sua própria jornada e na de outras mulheres. “A fotografia me ajudou a resgatar minha própria vida e, com o projeto Marias da Penha, percebi que poderia ajudar outras mulheres a se reconhecerem como fortes, belas e capazes de recomeçar. O livro e a exposição reforçam que há vida após a violência, mas é necessário dar o primeiro passo,” afirma a autora.
O projeto contou com a curadoria do artista plástico Rinaldo Morelli e foi realizado pela Associação Artise de Arte, Cultura e Acessibilidade, com apoio do Ministério da Cultura por meio de uma emenda do deputado Reginaldo Veras. Para conhecer mais sobre o trabalho de Ísis Dantas, basta acessar @mariasdapenha no Instagram. O livro que deu origem à exposição também está disponível em formato digital (clique aqui).








